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«O verde de parreiras esmaltando o negro do basalto. Mãos delicadas tecendo a teia de rendas transparentes. A evocação da gesta dos baleeiros que cruzaram os sete mares. As manchas escuras e dramáticas dos "mistérios". O prazer capitoso de um vinho saboreado pelos Czares. O encanto de pequenas lagoas envoltas em vegetação. É assim o Pico, súbita elevação de uma montanha no horizonte do mar. Desenvolvendo-se em torno do vulcão, com 2.351 metros de altitude, que lhe dá o nome, a ilha do Pico tem uma forma oblonga - 42 km de comprimento e 15,2 de largura - e a superfície total de 447 km2. Um planalto com cones vulcânicos secundários termina junto do mar em altas falésias enquanto a área mais baixa, a oeste, tem declives moderados. Está situada a 28º 20' de longitude oeste e a 38º 30' de latitude norte Após o lançamento de gado na
primeira metade do séc. XV, o seu povoamento iniciou-se cerca de 1460 com naturais do
Norte de Portugal, após escala na Terceira e na Graciosa. O seu primeiro capitão
donatário foi Álvaro de Ornelas, que não chegou a tomar posse efectiva da ilha, pelo
que veio a ser incorporada na capitania do Faial. Cedo tem nas Lajes a sua primeira vila,
a que se segue a de São Roque, em 1542. Inicialmente voltada para a cultura do trigo e um
pouco para a exploração do pastel, planta tintureira exportada para a Flandres, por
influência da vizinha ilha do Faial, em breve a população dedica-se também à cultura
da vinha e à pesca. Segue-se um largo período praticamente à margem da história,
interrompido no séc. XVIII por importantes erupções vulcânicas. Em 1723 a Madalena é
elevada a vila. Confirmando a sua importância económica como porto de ligação com o
Faial, por onde se realiza o comércio com o exterior, e também como local de residência
dos proprietários dos imensos vinhedos da zona, já então produtora de vinho. A custa de
árduo labor os campos de lava transformam-se em pomares e vinhedos. O verdelho do Pico
tem, durante mais de duas centenas de anos, fama internacional, sendo apreciado em vários
países, nomeadamente na Inglaterra. Américas e Rússia, onde chegava à mesa dos czares.
O ataque do oídio, em meados do séc. XIX, destrói as vinhas. A recuperação é lenta e
faz-se à base de novas castas. |